sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Discurso engajado no cinema nacional

O drama do diretor Carlos Cortez, Querô, fala sobre a vida de um garoto órfão, que passou pela Febem após cometer alguns furtos. Querô discute indiretamente temas polêmicos como a redução da maior idade penal, o dia-a-dia da população carcerária juvenil e o aborto.

De produção mediana, a película tem como ponto forte o discurso. O filme é baseado no livro "Querô, a reportagem maldita", de Plínio Marcos, e carrega o perfil que marca o texto desse autor. Querô retrata a história de uma minoria relegada pela família e pelo poder público.

A estória realista traz a personagem como um anti-herói, envolto de grande rancor, e ao mesmo tempo um garoto solitário que busca manter sua dignidade. Porém, por mais que tente, sua vida está fadada ao fracasso. As interpretações são de tirar o fôlego e causam uma imensa angústia no público.

Em sua maioria, o elenco é composto por jovens atores desconhecidos. Os destaques são a estréia do garoto Maxwell Nascimento, ganhador do prêmio de melhor ator pelo Festival de Brasília, e a participação especial da atriz Maria Luiza Mendonça, que interpretou sua mãe.

Para representar os conflitos do protagonista, foram utilizados simples efeitos de montagem. Diferente do modelo recente de filmes brasileiros com viés social, as cenas de violência chocam pelo contexto, e não pelas imagens. Com duração de pouco mais de uma hora, o drama do jovem Querô instiga o público a repensar a formação dos adolescentes brasileiros e termina com um final tipicamente europeu, ao deixar espaço para possíveis interpretações e debates.

Engajado, o diretor Carlos Cortez esteve algumas vezes no Senado para discutir a realidade dos meninas e meninos abandonados do país.

Nenhum comentário: