sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Nem com reza braba!

Nem as figuras brilhantes de Al Pacino e Robert de Niro, em “As duas faces da lei”, conseguiram a proeza de salvar o filme da obviedade. Ver o longa policial na telona foi frustrante, pois, tinha tudo para dar certo e no fim: reinou o clichê barato.
Uma estória interessante, que mostra o descontrole de um policial obrigado a conviver com o crime sem poder punir “bandidos”, cobertos por brechas na lei. Até aí tudo bem, porém o problema está no desenrolar desse enredo, na intenção de manter um mistério que morre antes mesmo do meado do filme.

"Cegueira da Razão"

Caso a vida fosse um ônibus guiado por nós e, dia após dia, a pressa o fizesse deixar de parar nos pontos de abrir portas para pessoas, até que uma freada brusca interrompesse uma dessas aceleradas viagens, como estaríamos?
“Ensaio sobre a cegueira” é assim. Uma epidemia impede a todos de enxergar. Porém a visão, dos agora “cegos”, demanda interpretação. De maneira cênica o filme reafirma o poder da linguagem audiovisual de metaforizar o mundo e a relação entre os homens.
Seu diretor, Fernando Meireles, superou o desafio de levar as telonas um texto denso e passível de várias interpretações. Mas por fim conseguiu angustiar e suscitar em seu espectador uma necessidade de ver além das entrelinhas da correria diária.
São tantos os “cegos de mente” no mundo que, nos EUA, a Associação dos Deficientes Visuais pediu o boicote do filme no país, alegando que os cegos são tratados como monstros na estória.
O escritor do livro de título homônimo ao filme, José Saramago, explicou o fato como uma “mesquinhez sem fundamento", já que seu livro retrata uma "cegueira da razão".